sábado, 30 de abril de 2011

Caixas


Não posso abrir essa caixa agora!
Quero! Mais não me fará bem.
Ainda não.
Quero jogá-la fora.
Quero me desfazer desse amontoado de lembranças,
mais ela está colada, já faz parte do lugar,
já faz parte de mim.
Quero me livrar dela, mais não posso.
Preciso conseguir uma maneira de deixar o acesso difícil;
me desanimar sempre que penso em abri-la,
conseguir mais volume ao meu redor,
mais caixas para por em cima e assim impedir que chegue a ela
com tanta facilidade.
Mais enquanto tempo vou conseguir tantas caixas
que tampem essa caixa,
que a tirem do meu campo de visão,
do meu campo de sentimento?
Preciso de mais caixas...
preciso...
não preciso!
Preciso é me convencer de que novas caixas chegarão,
no seu percurso natural, e inevitavelmente
vou ter que arrumá-las lado a lado,
pois sempre vou querer conferir todas elas,
até o dia
em que poderei colocar todas
dentro de uma só,
ou até o dia
em que terei que abri-la outra vez pra guardar mais uma,
ou até o dia,
que a abrirei somente pra rir,
da minha dificuldade de guardar...
simples caixas.

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